por Alexandre Dias (pianista, pesquisador musical) As músicas são de grande delicadeza, em tonalidades predominantemente maiores, em sua maioria lentas, constituindo uma grande canção de amor em tom de contemplação. Não fazem uso explícito de ritmos brasileiros, sendo na verdade um amálgama único criado por Pedro e Ricardo, que transcende compartimentos de gêneros. A sonoridade do cavaquinho é valorizada com grande maestria por Pedro Vasconcellos, que possui grande experiência no Choro, revelando um timbre tão interessante que muitas vezes fica escondido no “centro” do regional. Ricardo Nakamura, que possui uma sólida formação erudita associada a grande experiência no jazz, explora uma sonoridade ampla ao piano, com uso freqüente de acordes de nona. Porém, note-se: não é um CD de jazz ou mesmo de choro, mesmo que existam influências sutis de ambos. O entrosamento entre ambos é notável, revelando um trabalho extremamente cuidadoso em cada peça, em que cavaquinho e piano se revezam como solista ou acompanhador. A música-título funciona como um excelente cartão de visita do disco e do duo, expressando em música um otimismo que palavras não são capazes de definir. O CD não possui encarte, porém tudo nele é de valor, desde a mixagem notável (tarefa verdadeiramente desafiadora) até o design em tom azul transparente. CD “Transparente – Pedro Vasconcellos e Ricardo Nakamura” (Independente 201114335) 2011 01. Transparente (Pedro Vasconcellos) 02. Pelo Sol (Ricardo Nakamura) 03. Boy (Pedro Vasconcellos) 04. Dança no Universo (Pedro Vasconcellos) 05. Adágio (Ricardo Nakamura) 06. Casa (Pedro Vasconcellos) 07. Choro Iluminado (Ricardo Nakamura) 08. First Song (Charlie Haden) 09. Balada (Ricardo Nakamura) 10. Presente (Pedro Vasconcellos) 11. Enfim (Pedro Vasconcellos) Todas as faixas são executadas por Pedro Vasconcellos (cavaquinho) e Ricardo Nakamura (piano), com exceção das faixa 3 e 11, executadas apenas por Pedro Vasconcellos ao cavaquinho.