Primeiro EP do cantor e compositor José Demóstenes, “Míope” é uma tentativa de enxergar o outro, o meio em que vivemos e seus diálogos. Todos estão míopes e o exercício da alteridade tem sido exorcizado - o olhar de cada ser carrega consigo suas memórias, seus aprendizados e preconceitos. É com o intuito de fazer perceber que os olhares e ações são condicionados que versa o albúm através da poesia de suas canções. Inspirado nos últimos trabalhos de artistas como Isadora Melo, Juliano Holanda, Kiko Dinucci e da poeta Adelaide Ivánova o EP foi construído a partir de canções de autoria do próprio José Demóstenes, Rafael Marques, Juliano Holanda e Glauco César Segundo. Gravado nos estúdios Muzak em Março de 2017 por André Oliveira, o trabalho teve a direção de Rafael Marques, produção de Filipe Novais e José Demóstenes e foi executado pelos músicos Johann Brehmer na bateria, André Sette nos teclados, sintetizadores e theremim, Rogê Victor no baixo acústico e o próprio Rafael Marques no bandolim. Ao longo de 12 anos, entre 2005 e 2017, José Demóstenes ficou conhecido por sua atuação no grupo de samba pernambucano Pouca Chinfra. Nesse período atuou como cantor, compositor, cavaquinista, trompetista e, com a banda, teve a oportunidade de abrir os shows de grandes bambas do samba como Beth Carvalho, Neguinho da Beija Flor, Jorge Aragão, Dudu Nobre, Leci Brandão e Casuarina. Foi também convidado por artistas pernambucanos para outras rodas e participações especiais como: Mesa de Samba Autoral; Clube do Samba de Recife com Karynna Spinelli; Conjunto maravilha; Bando da Silva, Bande Dessiné e Conjunto Regional Samba de Matuto . Somando essa experiência à vontade de traçar um caminho com sua identidade nasceu o projeto “Míope”. O título do trabalho remete ao contemporâneo – a dificuldade do ser humano em enxergar o seu semelhante nestes novos tempos de solidão real e relações virtuais.