Aqui está um disco para quem gosta muito de violão, um instrumento que tem vida longa - nas ruas, nos bares, nas rodas, mas também nos concertos eruditos. Dois violões é uma colcha de ritmos em toda sua profundidade harmônica e com a sonoridade rica da música popular. As execuções soam certeiras e justas em baiões, choros e canções. O repertório tem duas vertentes: a primeira traz um apanhado de grandes compositores consagrados pelo tempo, gente da dimensão de Ernesto Nazareth, Canhoto da Paraíba, Jacob do Bandolim e Agustín Barrios. Este último, um paraguaio com um sotaque muito brasileiro. Os arranjos conseguem um equilíbrio invejável entre técnica e sensibilidade. Na segunda linha do disco estão as composições dos próprios artistas. João Ferreira e Vinícius Vianna demonstram maturidade e conhecimento dos gêneros escolhidos, com desembaraço na interpretação e nos diálogos que ocorrem o tempo todo. É um disco dinâmico na sua textura abrasileirada em todos os sentidos. Os dois violonistas, compositores, professores e amigos têm muita coisa em comum: nasceram em Brasília, têm formação musical desde o nível técnico até os cursos universitários, gostam de tocar em grupo e resolveram se dedicar totalmente ao violão. João Ferreira trabalha como arranjador, produtor e diretor musical em diversos CDs e DVDs bem sucedidos. Vinícius Vianna participa em discos e festivais de música no país e mantem a tradição de não perder uma boa roda de violão. Enfim, podemos dizer que Dois violões renova a alegria de saber que a música sempre sai ganhando com as novas propostas. Clodo Ferreira